JB no Brasil já foi marca de uísque, hoje é ministro do Supremo Tribunal Federal. Com toda a pinta de candidato. A qualquer coisa, não se sabe. Mas é um ministro diferente. Vai a roda de samba, se sacode, usa patuá e dá rabo de arraia.
Bem, se não chega a tanto, falha nossa. Ou roda de samba não é lugar de gente assim? (Da melhor qualidade!).
A jornalista Ana Alakija, defendendo JB que foi a uma roda de samba, veio com essa: "samba é coisa séria". Não, Ana, é muito mais séria do que o seu sério. Samba é coisa de gente genial como Chico Buarque; admirável como Zeca Pagodinho; amada como Beth Carvalho; criativa como João Bosco. Também gente não autoritária como Cartola; não ditatorial como Nelson Cavaquinho; e gente que não precisa ser chamada de "dotô" como Neguinho da Beija Flor. Samba é amor e gentileza, não é ódio.
Samba é muito mais que uma religião. É uma cultura e um dom. Há os que nascem sabendo batucar e os que não conseguem aprender nunca por toda uma vida. O baixista mundialmente respeitado Ron Carter quando gravou com Rosa Passos ficou evidente não se tratar de um músico brasileiro. Falta o balanço, o suingue. O lindo Ron Carter tão endeusado por toda a classe musical, não vai lá muito bem no samba. JB como bom brazuca talvez tenha essa "musicalidade" própria do samba.
Mas então, sua excelência foi a roda de samba? Sem problema. O samba é uma mulher fácil e linda, adorada por todos nós. Aceita de reis a escravos, de senadores a bandidos (perdoem-me bandidos). Mas o samba cobra o seu preço. Ninguém entra ou sai de uma roda de samba impunemente. JB não precisava deste movimento escancaradamente político para se mostrar [mais] pop. Ou popularesco.
É claro que JB é livre para ir aonde quiser e fazer o que bem entender. "Será que é?", talvez perguntasse Moreira Alves, velho ministro do Supremo. Um Supremo de outra cepa? Ou um ministro de outros modos? Não importa. O Supremo também virou pop com suas Quartas Nobres, na TV. Não se precisa invocar a coisa autoritária de regimento de magistratura para se saber o que o ministro pode ou não pode fazer. JB vai aonde quiser, é problema seu. Roda de samba ou churrasco na laje no Rio de Janeiro. Só há um problema, como pessoa pública fornece a observadores o direito de ser interpretado.
Um problema é que JB tem se mostrado uma criança que desceu para o play mas não sabe brincar lá muito bem. Quando é interpretado cruamente por algum jornalista ou observador de plantão fica enfurecido e promete vinganças furiosas no tempo oportuno. Isto é feio. Se JB quer se lançar a alguma coisa que reveja os vídeos de Leonel Brizola, por exemplo, o inventor do marketing político que conversava intimamente com o eleitor pela televisão, com manga arregaçada e sempre tinha uma resposta para tudo. Sem perder as estribeiras e ter enfurecimentos. Muitos aprenderam com o velho Briza.
Não há problema neste JB pop que deverá começar a beijar crianças em praças públicas, comer sanduíches de mortadela em rodoviárias e abolir a camisa branca de terno, como fazem os políticos profissionais, principalmente os da direita. JB pode tudo. Todo mundo pode tudo. Não se vive uma democracia? JB só não pode fazer bico para interpretações que ache malditas e infames. Já seus defensores que o defendam. E se a sociedade quiser um autoritário em algum cargo, JB já cansou de mostrar esse lado conservador e imperial. Praticamente um general de 70.
Ana Alakija diz que JB sofre de "bullying e assédio racial" ou que a imprensa o coloca nessa condição. Mas quem disse que há taras antropológicas que o perseguem foi ele mesmo. Esta conversa rácica – no caso específico de JB- já virou biombo malandro para esconder atitudes parciais e muito visíveis e televisivas de Barbosa. A não ser assim, tantos intelectuais e juristas não teriam se manifestado contra as atitudes. Nunca contra qualquer cor de pele.
Do blog Observatório Geral
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe aqui um comebtário