terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Crimeia hasteia bandeira russa e Jarkov acolhe representantes institucionais opostos ao golpe

Representantes políticos/as de todos os níveis institucionais e governantes das províncias de Donetsk, Lugansk, Dnipropetrovsk, Járkiv, assim como da República Autônoma da Crimeia e presidentes das câmaras municipais de Járkov, Sebastopol e Donetsk, reuniram em Jarkov, cidade do leste da Ucrânia, para estabelecer um poder paralelo ao golpista.



A capitulação primeiro de Yanukovic e o golpe a continuação da oposição em conluio com parte do seu governo levaram à queda do poder institucional ucraniano, substituído pelo pró-ocidental, sustentado nas milícias fascistas do partido Svoboda (10% nas últimas eleições) e outras correntes do nacionalismo xenófobo ucraniano.

O conflito inter-imperialista entre os EUA-UE de um lado e a Rússia-China avança um capítulo mas parece longe de concluir, uma vez que importantes setores da sociedade ucraniana parecem dispostos a resistir.

As correntes reunidas em Yarkov afirmaram que essa é a nova capital até o poder legítimo ser instituído novamente em Kíev, atualmente em mãos da oposição pró-UE e pró-ianque.

Entretanto, os Estados Unidos já ameaçaram a Rússia afirmando que cometeria um "grave erro" se desse o passo de enviar tropas ao país vizinho.

O poder reunido na cidade de Jarkov, que reclama a legitimidade institucional, afirma que "a Rada Suprema (Parlamento) da Ucrânia funciona em condições de terror, a ponta de pistola e sob ameaça de assassinato". Por esse motivo, afirma, "as decisões do Parlamento, adotadas em ditas condições, põem em dúvida sua legitimidade e validade". Entre elas, a escandalosa libertação da ex-primeira ministro, Yulia Timoshenko, presa por se enriquecer à custa dos ucranianos e cujo principal colaborador se converteu no novo presidente em Kíev.

Crimeia hasteia bandeira russa

Na cidade de Kerch, durante um comício das forças pró-russas, as pessoas participantes reivindicaram a retirada da Crimeia da Ucrânia e a incorporação à Rússia, hasteando a bandeira russa no edifício da Câmara municipal dessa cidade durante umas horas, até que as autoridades voltaram a colocar a bandeira ucraniana no lugar.

Na mobilização intervieram representantes da Comunidade Russa e do Partido Comunista da Ucrânia. Em particular, os oradores se pronunciaram contra a integração da Ucrânia na União Europeia e exortaram à separação da Crimeia da Ucrânia.

Fascistas desbocados e possível ilegalização do Partido Comunista

Com os fascistas desbocados a atacar sedes de forças de esquerda e monumentos da etapa soviética, o Partido Comunista da Ucrânia tenta organizar a resistência, mesmo protegendo estátuas de Lenine para evitar a derrocada por ação das milicias fascistas. O novo poder pró-UE estaria a estudar tornar ilegal tanto o partido de IIanukovich como o Partido Comunista da Ucrânia, oposto aos golpistas.

Ao que todo indica, um importante segmento da burguesia ucraniana parece ter acordado com o imperialismo ocidental as novas condições político-institucionais e a entrega do país e dos seus recursos à União Europeia e aos Estados Unidos.

Haverá que esperar para comprovar como evoluem uns acontecimentos que debruçam o povo ucraniano para o abismo da irracionalidade e o fascismo.




Na Ucrânia, Yanukovic é demitido após oposição ultrarreacionária tomar área governamental à força

Imagens recentes de Kiev no interior deste artigo. Oposição de direita toma postos chave no poder, Yanukovic foge e fratura aumenta na Ucrânia. Ex-presidente denuncia golpe de Estado.

A situação de tensão na Ucrânia derivou hoje (22/02) na possível fuga deViktor Yanukovic da capital Kiev, e na sua demissão do posto de presidente pelo parlamento (a Rada), que também fixou a data para as eleições antecipadas e decretou a liberdade de Yulia Timoshenko (do partido direitista Batkivshchyna), ex-primeira ministra que cumpria pena de sete anos de cadeia por abuso de poder.

Yanukovic teria fugido, supostamente, à cidade de Jarkov, de maioria pró-russa e ao leste do país, e dela poderá vir a emitir um pronunciamento em poucas horas. Por enquanto, Yanukovic denunciou o disparo de balas contra o seu carro quando saía de Kiev, na sequência do que definiu como um "golpe de Estado". O partido Batkivshchyna terá, neste momento, tomado o controle do Ministério do Interior e a presidência da Rada ucraniana, apesar de que Yanukovic ter assegurado que não vai se demitir. Também Vitali Zajarchenko, ministro do Interior, está foragido desde a manhã de hoje.

Paradoxalmente, isso acontece depois de a oposição e o governo alcançarem um acordo na tarde de ontem (21/02) para a realização de eleições antecipadas, uma reforma constitucional e um governo de unidade nacional. No entanto, a forte pressão e a ameaça de líderes da ultradireita de promoverem um levantamento armado nesta madrugada, levou a uma deserção massiva de deputadas e deputados do governista Partido das Regiões, assim como à demissão de cargos locais por todo o país, segundo algumas informações.

Acompanhamento ao vivo

Através da Voz da Rússia podem acompanhar ao vivo os fatos na capital ucraniana:



Ocupação da área governamental pelas 'autodefesas' do Maidan

Os líderes vinculados à direita e à ultradireita xenófoba, tais como o ex-pugilista Vitali Klitschko ou o fascista Dymitri Yarosh, que estão a dirigir os protestos populares na praça da Independência, promoveram desde a noite de ontem a oposição ao acordo entre governistas e oposição e ameaçaram com "tomar as armas" caso Yanukovic não dimitir antes das 10 horas de hoje (22/02).

O já ex-presidente Yanukovic teve que fugir quando as brigadas de Maidan (autoproclamadas de autodefesa, sob liderança de grupos de ultradireita como o de Yarosh) tomaram, ao longo desta madrugada, os edifícios governamentais e mesmo a residência presidencial na capital ucraniana. Isso tudo depois de o próprio Yanukovic ter decretado, no final do dia de ontem, a retirada de forças militares da dita área, na sequência do acordo atingido pelo Partido das Regiões e a oposição parlamentar na tarde de 21 de fevereiro.

As pautas promovidas em Kiev pela extrema-direita conseguiram ganhar apoios entre manifestantes agitados pelos meios pró-ocidentais e pela realidade da corrupção existente na Ucrânia, onde existe uma democracia burguesa decadente, e com uma mensagem baseada na ánti-política, na "aproximação da Europa" e numa contundente batalha (no sentido mais físico da palavra) contra as forças policiais no centro de Kiev.

Por enquanto, os combates e o nacionalismo xenófobo, etnicista e antirrusso (que criou o caldo de cultivo ótimo para a ultradireita espalhar as suas doutrinas) deixaram 77 pessoas mortas em Kiev.

Assaltos às sedes de forças comunistas

Para além de edifícios governamentais, sedes de formações comunistas da Ucrânia foram também alvo de ataques violentos pelas ditas brigadas de Maidan ao longo da manhã deste sábado 22 de fevereiro. O grande número de militantes e afins às teses ultradireitistas possibilitou que esses ataques tenham decorrido impunemente.

País dividido entre pressões estrangeiras

Na situação atual, as regiões pró-Rússia (as orientais) não reconhecem a legitimadade das decisões adoptadas pela Rada ucraniana após romper os acordos de sexta-feira e tomadas sob a pressão da ocupação. Entretanto, as regiões ocidentais acusam Yanukovic de ignorar o alegado desejo popular, nessa zona, de aderir a União Europeia, o qual justificaria os protestos e as decisões desta manhã.

Nestes dias, a Ucrânia enfrenta uma complexa situação é o campo de batalha entre os interesses de burguesias forâneas, que não duvidam em agitar o fascismo, a violência e a desinformação, numa dialética de luta pelo grande mercado ucraniano entre a Rússia por um lado e a União Europeia e os Estados Unidos pelo outro.

Se bem o desfecho do conflito continua aberto, líderes da UE como Durão Barroso já manfestaram sua satisfação pela aparente tomada do poder pela oposição ultrarreacionária.


Do Diário da Liberdade

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