Entre as 40 ações que compõem o Ibovespa, 36 tiveram desempenho negativo; depois de abrir o dia em alta, papéis da Petrobras fecharam o pregão com perda de 4,9%; ao sabor de rumores sobre baixa de Marina Silva nas pesquisas, ecos da delação premiada de Paulo Roberto Costa e apetite por lucro rápido e alto, tigres do mercado financeiro atacaram; oscilação de mais de 6% num só dia no papel carro-chefe da Bolsa fez fortunas no chamado intraday; jogo velho, mas eficaz, é a farra dos especuladores; Ibovespa caiu 2,5%, pior marca desde fevereiro; movimentos especulativos já custam R$ 28 bilhões em valor de mercado para empresas estatais; banca quer muito mais
247 - A tigrada do mercado financeiro matou a fome nesta segunda-feira 8. Na abertura de uma semana ao sabor dos grandes especuladores - precedida de um novo escândalo e antecedida por uma saraivada de pesquisas eleitorais, com números, a partir da terça-feira 9, de todos os maiores institutos (Datafolha, MDA, Sensus e Ibope) -, movimentos especulativos derrubaram o índice Bovespa para um patamar histórico de baixa. O alvo do ataque, mais uma vez, foi a Petrobras. Os papéis da estatal de petróleo, no epicentro da delação premiada do ex-diretor Paulo Roberto da Costa, abriram o dia em R$ 22,82, subiram velozmente para R$ 23,66 e fecharam o pregão derrubados em 4,91%, a R$ 21,70. Carro-chefe do Ibovespa, a derrubada na Petrobras e, também, na Eletrobrás e no Banco do Brasil, levaram o índice para a pior marca desde , com 2,5% de queda.
Conhecidas como operações intraday - cujas compras e vendas de papéis, não necessariamente nessa ordem, se fazem num mesmo dia - essas oscilações fortes costumam resultar, para investidores pesos pesados, em grandes fortunas feitas entre 10h00 e 17h00.
O mercado atuou nesta segunda, e esta tendência deve prevalecer, debaixo de rumores de baixa da candidata Marina Silva nas pesquisas, ecos das denúncias de Costa contra mais de 50 políticos e, ainda, indicativos e boatos para todos os gostos sobre os resultados das próximas pesquisas.
A rota de zig-zag da Bolsa de Valores na travessia da eleição apresenta ângulos cada vez mais fechados.
Abaixo, notícias do portal Infomoney, parceiro de 247, sobre o dia na Bolsa:
Ibovespa cai 2,45% e tem sua maior baixa desde fevereiro à espera de pesquisas
Por Lara Rizério
SÃO PAULO - O Ibovespa caminha para registrar forte baixa na sessão desta segunda-feira (8) e ter o pior pregão desde fevereiro deste ano, em meio à forte queda das ações das estatais com a expectativa pelas próximas pesquisas eleitorais. Às 16h59 (horário de Brasília), o índice registrava baixa de 2,45%, a 59.274 pontos. Vale ressaltar que esta é a quarta queda seguida da bolsa, o que não ocorre desde o final de julho, quando teve baixa por cinco pregões seguidos entre os dias 25 e 31 daquele mês. O giro financeiro foi de R$ 9,10 bilhões.
Segundo analistas, a euforia inicial por conta da pesquisa Sensus foi trocada pelos rumores de que Marina não tem mais muita força de crescimento, além do ligeiro pessimismo do mercado internacional. A pesquisa Sensus havia mostrado Marina à frente de Dilma em 15 pontos percentuais. Porém, a expectativa fica para os próximos levantamentos: Ibope, Datafolha, CNT/MDA e Vox Populi devem sair esta semana e sinalizar mudanças no cenário eleitoral. Assim, o mercado aproveita para fazer um movimento de realização e também com os estrangeiros aproveitando para embolsar os lucros, uma vez que hoje foi registrado um forte volume de negociação. Além disso, os rumores sobre as próximas pesquisas, apesar de não palpáveis, guiam a queda dos papéis, principalmente de estatais e bancos, aponta o analista da SLW Corretora, Pedro Galdi.
Segundo o colunista Bernardo Mello Franco, da Folha de S. Paulo, pesquisas feitas por tucanos e petista e que na última semana conseguiram antecipar a estabilização de Marina nas pesquisas eleitorais, agora indicam os primeiros sinais de queda da candidata do PSB. "Guiando" o índice, as ações da Petrobras também chegaram a subir forte na abertura, virando logo depois e agora fechando com fortes perdas, de 4,79% para os ativos PETR3 e de 4,91% para os papéis PETR4. Outras estatais também caíram forte, caso de Eletrobras, com perdas de mais de 5%, enquanto Banco do Brasil fechou em forte queda de 5%.
Nos EUA, as bolsas fecharam com leves perdas, com exceção da Nasdaq, que tem leves ganhos de 0,20%, enquanto os investidores ficam de olho nos desdobramentos da crise na Ucrânia. Apesar do cessar-fogo entre o país e a Rússia, notícias desta manhã informaram a morte de uma mulher na região da fronteira, o que trouxe novos temores.
Sensus e denúncias estão no radar
A pesquisa Sensus, divulgada na madrugada da última sexta-feira mostrou que, com menos de um mês de campanha, Marina tem 29,5% das intenções de voto no primeiro turno, empatada tecnicamente com a presidenta Dilma Rousseff (PT), que tem 29,8% das intenções de voto. Em um eventual segundo turno, Marina venceria Dilma, com 47,6% contra 32,8% dos votos válidos, uma diferença de 14,8 pontos percentuais.
No sábado, matéria publicada pela Revista Veja afirmou que o ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto da Costa, delatou para a justiça diversos nomes envolvendo o governo, como Edison Lobão, Ministro de Minas e Energia, além Sérgio Cabral (PMDB), ex-governador do Rio, Roseana Sarney (PMDB), atual governadora do Maranhão, e Eduardo Campos (PSB), ex- governador de Pernambuco e ex-candidato à Presidência da República morto em um acidente de avião no dia 13 de agosto.
Sobre as denúncias, a presidente Dilma afirmou que esperará "dados oficiais" para comentar as denúncias feitas pelo ex-executivo. "Eu gostaria de saber direito quais são as informações prestadas e asseguro que tomarei as providências cabíveis", disse ela. Enquanto isso, Aécio Neves pediu a presidente apresente uma posição mais firme sobre as denúncias de corrupção, e disse ser improvável que a adversária nas eleições de outubro não soubesse dos acontecimentos na estatal.
Entre as maiores altas do Ibovespa, destaque para as ações das empresas de telecomunicações, com exceção da Oi (OIBR4), que virou nos minutos finais. A companhia tem "Dia D" nesta segunda-feira com a reunião dos acionistas da Portugal Telecom sobre a revisão do acordo para o processo de fusão com a brasileira. Já a TIM (TIMP3) disparou mais de 6% nesta sessão, em meio à notícia de que a América Movel está em conversas com a Oi para fazer uma oferta pela companhia. Os ativos da Cielo (CIEL3) também estão na seleta lista de papéis com ganhos nesta sessão, após serem elevados de "neutro" para "outperform" (desempenho acima da média do mercado) pelo Credit Suisse.
Petrobras e BB caem mais de 4%
Por Marina Neves
Se as 3 empresas de telecomunicações tiveram um dia glorioso na Bolsa nesta segunda-feira (8), o restante das ações que fazem parte do Ibovespa tiveram um pregão para ser esquecido. Com o índice tendo sua maior queda diária desde 3 de fevereiro, 56 dos 60 papéis que fazem parte da carteira caíram, com Petrobras, BB e Eletrobras superando a faixa de 4% de desvaloriazação.
Outras ações ligadas ao "kit eleições" - como Bradesco, Itaú e Cosan - caíram entre 1,5% e 2,5%. Dessa forma, todas estas empresas perderam juntas R$ 26,8 bilhões de valor de mercado apenas nesta sessão. Se por um lado a pesquisa Sensus divulgada no final de semana mostrou que Marina Silva abriu quase 15 pontos sobre Dilma Rousseff em um eventual 2º turno, a expectativa sobre as próximas pesquisas tem desanimado os investidores, com rumores apostando com uma queda nas intenções de voto da candidata do PSB.
Além das telecoms, também se destacaram positivamente as ações da Cielo e da Embraer, com ambas fechando em alta após terem recomendações elevadas por banco de investimentos - a empresa de cartões teve seu "call" elevado para compra pelo BTG Pactual, enquanto a segunda teve a recomendação revisada pelo Santander. Fora do Ibovespa, destaque para as ações da Triunfo (TPIS3, R$ 5,60, -12,23%), que chegaram a cair 18%.
Confira os destaques da Bolsa:
Petrobras (PETR3, R$ 20,69, -4,79%; PETR4, R$ 21,70, -4,91%) Após chegarem a subir 3,5% na máxima do dia, as ações da Petrobras viraram para forte queda - da máxima para o fechamento, tanto os papéis ON quanto PN caíram mais de 8%. Assim como nos últimos pregões, o volume financeiro movimentado por PETR4 superou a média, chegando a R$ 1,774 bilhão nesta segunda - a média dos últimos 21 dias era de R$ 1,2 bi. Em valor de mercado, a estatal petrolífera perdeu R$ 14,014 bilhões nesta segunda-feira, indo para R$ 275,5 bilhões.
Além das pesquisas eleitorais, também esteve no radar da Petrobras a delação premiada do ex-diretor da estatal, que foi noticiada na Revista Veja com a lista de nomes citados por Paulo Roberto da Costa, ex-diretor da Petrobras, na delação premiada. Segundo publicação, ele teria citado em depoimentos à Polícia Federal os nomes de parlamentares da base aliada do governo, o de um ministro e os de três governadores, entre eles Edison Lobão, Ministro de Minas e Energia, além Sérgio Cabral (PMDB), ex-governador do Rio, Roseana Sarney (PMDB), atual governadora do Maranhão, e Eduardo Campos (PSB), ex-governador de Pernambuco e ex-candidato à Presidência da República morto em um acidente de avião no dia 13 de agosto.
Sobre as denúncias, a presidente Dilma afirmou que esperará "dados oficiais" para comentar as denúncias feitas pelo ex-executivo. "Eu gostaria de saber direito quais são as informações prestadas e asseguro que tomarei as providências cabíveis", disse ela. Enquanto isso, Aécio Neves pediu a presidente apresente uma posição mais firme sobre as denúncias de corrupção, e disse ser improvável que a adversária nas eleições de outubro não soubesse dos acontecimentos na estatal.
Eletrobras, Cosan e bancos Outras ações "sensíveis" ao rali eleitoral, as instituições financeiras Banco do Brasil (BBAS3, R$ 32,49, -5,00%), Bradesco (BBDC3, R$ 38,55, -3,26%; BBDC4, R$ 39,75, -2,79%) e Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 39,51, -2,59%), a estatal Eletrobras (ELET3, R$ 7,50, -3,97%; ELET6, R$ 11,13, -5,44%) e a sucroalcooleira Cosan (CSAN3, R$ 43,10, -1,73%) também fecharam a sessão no vermelho.
Em valor de mercado, o "kit eleições" perdeu R$ 28,65 bilhões de valor de mercado. Eletrobras (-R$ 506,95 milhões), BB (-R$ 4,89 bilhões), Itaú Unibanco (-R$ 3,79 bilhões), Bradesco (-R$ 5,13 bilhões) e Cosan (-R$ 309,48 milhões).
Vale (VALE3, R$ 28,10, -0,53%; VALE5, R$ 24,80, -0,80%) Mesmo com uma queda bem mais amena do que na mínima do dia, a Vale voltou a ser penalizada na Bolsa e atingiu seu menor patamar desde 8 de julho de 2013 após dados do comércio na China publicados nesta segunda-feira. Esta é a 12º queda em 13 pregões.
As importações da segunda maior economia do mundo caíram 2,4% em agosto na comparação com o ano anterior, informou nesta segunda-feira a Administração Geral de Alfândega, contra expectativa de alta de 1,7 %. Foi o segundo mês seguido em que as importações da China foram surpreendentemente fracas, levantando preocupações de que a tépida demanda doméstica, exacerbada pelo esfriamento do mercado imobiliário, esteja cada vez mais pesando sobre a economia.
Ainda no radar da Vale, seguiu o preço do minério de ferro, que renovou a mínima em 5 anos e fechou cotado a US$ 83,60 por tonelada.
Triunfo (TPIS3, R$ 5,60, -12,23%) Fora do Ibovespa, destaque para as ações da Triunfo, que chegaram a cair 18% por volta das 16h. Segundo operadores, o movimento gradual de queda das ações seguido de uma derrocada nos preços sinaliza que um grande investidor deve ter desfeito sua participação na empresa - as ações superaram em 10 vezes a média diária dos últimos pregões e a corretora do Itaú foi o principal intermediador das vendas na última hora de pregão.
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