A revelação de Youssef não chega a ser novidade. Diz respeito à mais do que conhecida “Lista de Furnas”, que tem até verbete na Wikipedia e que jamais foi investigada com seriedade. Confira, abaixo, o que diz a “enciclopédia” eletrônica
“A Lista de Furnas é o nome atribuído ao esquema de corrupção e lavagem de dinheiro ocorrido nos anos 2000 e que envolve a empresa estatal Furnas Centrais Elétricas, com sede na cidade do Rio de Janeiro, para abastecer a campanha de políticos em sua maioria do Partido da Social Democracia Brasileira e Partido da Frente Liberal nas eleições de 2002. O escândalo foi originalmente divulgado pela revista Carta Capital em 2006, denunciando políticos, magistrados e empresários de receberem dinheiro ilegal através do então diretor da empresa Furnas Centrais Elétricas, Dimas Toledo e do publicitário Marcos Valério (…)”
Provavelmente, Ministério Público e Justiça Federal não têm acesso à Wikipedia.
Seja como for, a denúncia contra Aécio saiu junto com a negativa de que esteja envolvido em alguma coisa graças a uma suposta rejeição do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, a uma acusação de um doleiro que só é levado a sério pela mídia, pelo MP, pela PF e pela oposição quando acusa o PT. Político tucano é outra coisa.
E mesmo tendo sido “absolvido” na mesma notícia que o acusou, Aécio não poderia aparecer na mídia como tendo sido acusado sozinho. Havia que acusar aquela que o derrotou na eleição presidencial passada, mesmo ao custo de requentar uma matéria imoral que foi condenada pela Justiça Eleitoral e publicada três dias antes da eleição em segundo turno.
A revista Veja antecipou sua edição da última semana de outubro de 2014 para dar tempo de espalhar suposta acusação de Yousseff a Dilma Rousseff e a Lula. Nunca se soube o número do “termo de colaboração” assinado pelo doleiro, no qual a presidente e seu antecessor teriam sido acusados, e muito menos ficou-se sabendo que o então candidato adversário naquele segundo turno, Aécio, também fora citado pelo mesmo doleiro.
Porém, para Aécio não aparecer sozinho como tendo sido acusado por Yousseff, a Folha de São Paulo acaba de requentar a matéria da Veja que tentou mudar o rumo da eleição presidencial de 2014 – e que quase conseguiu.
A menção a Dilma na primeira página da Folha baseia-se na reportagem de Veja, mas omite que Lula, que a revista afirmou, ano passado, que fora citado pelo doleiro tanto quanto a presidente da República, jamais foi sequer investigado. E que não pensem que o ex-presidente pode figurar na lista do procurador-geral da República, pois pode ser investigado por qualquer promotor público e responder a inquéritos em primeira instância da Justiça, o que aliás vem acontecendo devido a denúncias sem provas do réu dos mensalões petista e tucano Marcos Valério.
Ao fim e ao cabo, descobrimos que a matéria de Veja que tentou mudar o rumo da eleição presidencial poderia conter, também, o nome de Aécio Neves. Aquela capa infame da edição de 24 de outubro de 2014 poderia ter três rostos, o de Dilma, o de Lula e o de Aécio.
Se houvesse um mínimo de seriedade na dita “grande imprensa” brasileira, ela admitiria que vem publicando vazamentos seletivos. Denúncias sem provas – e, talvez, até inventadas – que prejudicam petistas e acobertam tucanos.
Vale comentar que essa manchete da Folha de São Paulo é um escândalo. Foi buscar, lá atrás, um meio de não citar só Aécio como alvo de denúncia de Yousseff. E o que é pior, sem ter nem certeza de que a menção a Dilma de fato foi feita pelo doleiro no ano passado.
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