quarta-feira, 25 de maio de 2016

O absurdo silêncio do STF sobre Jucá explicita ainda mais o papel da corte no golpe. Por Kiko Nogueira

Eles
                                                                                   
A bomba de Romero Jucá repercute mundialmente, expondo a conspiração que levou ao poder a gangue de Michel Temer e Cunha —  e o STF se junta ao PSDB e a Sergio Moro num silêncio cúmplice e eloquente.
Nenhum pio dos onze ministros, nenhuma nota dura ou mole para contar que eles nunca estiveram abertos a pacto para barrar a Lava Jato, como afirmou Jucá. A conclusão, por enquanto, é de que, sim, eles estavam fechados em torno de um acordo político.
Na gravação a que a Folha teve acesso, Jucá diz a Sérgio Machado, ex-líder tucano no Senado, que conversou “com alguns ministros do Supremo”.
“Os caras dizem ‘ó, só tem condições de [inaudível] sem ela [Dilma]. Enquanto ela estiver ali, a imprensa, os caras querem tirar ela, essa porra não vai parar nunca’. Entendeu?”
Mais adiante, o diálogo é o seguinte:
MACHADO – É um acordo, botar o Michel, num grande acordo nacional.
JUCÁ – Com o Supremo, com tudo.
MACHADO – Com tudo, aí parava tudo.
JUCÁ – É. Delimitava onde está, pronto. […]
O golpe se escancara com os dois pesos e duas medidas do Judiciário. Quando Lula chamou a corte de “acovardada” nos famosos grampos — o que é um chamego perto do estupro constitucional em que Jucá a envolveu —, Celso de Mello partiu para cima com virulência no mesmo dia.
“Foi uma reação torpe e indigna, típica de mentes autocráticas e arrogantes”, acusou o decano, acrescentando que a manifestação de Lula merecia “repulsa”.
“Ninguém, absolutamente ninguém está acima da autoridade das leis e da Constituição de nosso país, a significar que condutas criminosas perpetradas à sombra do poder jamais serão toleradas”.
Ricardo Lewandowski se posicionou com igual rapidez: “Os constituintes atribuíram a essa corte a elevada missão de manter a supremacia da Constituição e a manutenção do Estado Democrático de Direito. Tenho certeza de que os juízes desta casa não faltarão aos cidadãos brasileiros no dever.
Há poucos dias, o falastrão Gilmar Mendes fez questão de, como sempre, responder a Dilma depois que ela afirmou “estranhar” a suspensão das diligências no inquérito que investiga o senador Aécio Neves, que estão sob os cuidados do amigo.
“Posso fazer uma ironia sobre a presidente Dilma? Só vou falar sobre a presidente Dilma nos autos”, ironizou, horas depois.
Ainda que Jucá tenha blefado sobre sua influência no Supremo, o fato é que o que ele prometeu a Machado se concretizou. E o fato de que nenhum dos juízes tenha negado qualquer coisa até agora é mais um sinal de que estava tudo combinado, inclusive com os russos.
Fonte:DCM

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