sábado, 7 de maio de 2016

Debate em Paris: Impeachment no Brasil é um suicídio político



                                                                                       Para Juliette Dumont, pesquisadora da universidade Sorbonne Nouvelle, aprovação do processo contra Dilma fragilizará e prejudicará país no cenário internacional

A historiadora Juliette Dumont, do Iheal (Instituto de Altos Estudos sobre a América Latina) da universidade francesa Sorbonne Nouvelle, afirmou nesta quarta-feira (04/05) que o Brasil cometerá “suicídio político” se o Senado aprovar, na próxima semana, o impeachment da presidente Dilma Rousseff.




Pesquisadora afirmou que votação do pedido de impeachment no dia 17 de abril  "deu uma imagem patética" da Câmara dos Deputados


De acordo com a pesquisadora, que é especialista em Relações Internacionais, o possível afastamento da presidente "vai fragilizar o Brasil e prejudicar, durante muitos anos, a credibilidade do país no cenário internacional".


"Eu acho que o Brasil vai levar muitos anos para corrigir os danos que foram feitos ao país no exterior, a começar na própria América Latina”, afirmou Juliette ao participar de um debate em Paris promovido pelo MD18 (Movimento Democrático 18 Março), grupo de estudantes brasileiros e europeus que têm se articulado contra o impeachment de Dilma.

Ela afirmou também que a votação do pedido de afastamento de Dilma no dia 17 de abril na Câmara dos Deputados "deu uma imagem patética" da Casa e espera que o cenário não se repita na próxima quarta-feira (11/04), durante votação final no Senado. "Espero que o voto no Senado não seja a farsa que foi o voto na Câmara", declarou.

Segundo Juliette, o cenário atual indica que "as forças conservadoras ainda estão muito presentes e existe um movimento importante contra o que o Partido dos Trabalhadores [PT] representa".



Dentre as consequências da crise política brasileira no âmbito internacional, de acordo com a historiadora, estará a dificuldade para o país conquistar uma cadeira de membro permanente no Conselho de Segurança da ONU.

"Demorou muitos anos, mas, enfim, o país tinha conseguido o apoio dos vizinhos latino-americanos, o que era uma grande novidade", disse a pesquisadora. "Como o Brasil terá força para continuar a defender seus interesses nos fóruns internacionais ou na Organização Mundial do Comércio [OMC] se a democracia está em risco?", questionou.

"O Brasil voltou a ser aquele país que não é sério e se leva tempo para combater esses estereótipos em política internacional", acrescentou.

Cerca de 50 pessoas participaram do debate mediado por Juliette, que contou com a presença de pesquisadores, jornalistas e estudantes.



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